Com uma costa de 1860 quilómetros, incluído as ilhas, com uma enorme diversidade regional, de terroirs com características especificas, cada vez se fala em influência marítima, em salinidade nos vinhos e existem autores que falam de castas atlânticas.
A característica de salinidade é usualmente mencionada quando se fala de vinhos atlânticos, provenientes de vinhas cultivadas bem próximas do mar, por outro lado, temos um Portugal montanhoso de influência continental e de outras do mediterrânio.
Apesar da diversidade que cada região, o terroir tem em comum o facto de sofrer forte influência marítima, com elevados índices de humidade, precipitação e salinidade.
Um aspeto importante, porque se trata de áreas com temperaturas amenas e reduzidas amplitudes térmicas, onde os ciclos vegetativos arrancam mais cedo e as culturas são temporãs. São áreas de grande fertilidade e rendimento elevado (basta pensar na produção hortícola), com poucos ou nenhuns dias de geada. Todos estes fatores marcam os vinhos que aí se fazem.
A diversidade de castas também é uma das suas riquezas.
As regiões atlânticas
Vamos aqui tentar de uma forma simples descrever as diversas regiões.
Na região dos Vinhos Verdes, os solos são, no geral, assentes em formações graníticas, de textura arenosa e franco-arenosa, pouco profundos, ácidos e, no geral, pobres. A região é exposta à influência oceânica pela penetração dos ventos húmidos através dos vales dos rios Minho, Lima, Cávado, Ave, Tâmega e Douro. Clima ameno e elevados índices de precipitação contribuem para a produtividade agrícola.
Na Bairrada, os solos são bastante heterogéneos, com destaque para os solos calcários do período Jurássico, arenitos do Triássico e conglomerados do Cetáceo.
Lisboa tem sub-regiões muito diferentes, como Óbidos que ocupa solos de textura franca a argilosa, onde predomina o calcário, ou Colares os solos de areia secos, rodeados por uma vasta mancha de pinhal que a rodeia, mantêm o ambiente húmido e salgado do Atlântico. Enquanto, Bucelas apresenta solos essencialmente calcários.
Em Setúbal e Costa Vicentina coexistem dois modelos: solos de caráter arenoso e ácidos nas zonas planas, com fraca capacidade de retenção de água, assentes em base granítica, com uma outra montanhosa, na Serra da Arrábida. O clima é mediterrânico com influência atlântica, baixas amplitudes térmicas e escassa pluviosidade.
O Algarve, divide-se em três sub-regiões naturais: Litoral, Barrocal e Serra. Na primeira, predominam os solos arenosos que, tal como em Colares, no Barrocal predominam solos calcários e argilo-calcários.
Porém, o Algarve é também Barlavento e Sotavento. O Barlavento, com as suas falésias esculpidas pelo vento, encontra-se mais exposto aos movimentos de ar que sopram do Atlântico, ao passo que o Sotavento, com solos mais arenosos, sofre maior influência dos ventos quentes do Mediterrâneo e menos expostos aos ventos atlânticos.
Por fim as ilhas, que são um universo muito próprio dos vinhos atlânticos. Ambos com formação geológica vulcânica, Açores e Madeira são bastante diferentes. A Madeira, com um clima subtropical, com vinhas que podem estar instaladas ao nível do mar ou a 700 metros de altitude. Por sua vez, nos Açores, o chão de lava forma fendas geológicas, no geral a 150 a 200 metros de altitude. Em ambos os casos, oferecem vinhos ásperos, puros, frescos e minerais, salgados e iodados, tensos, persistentes e de enorme frescura.
Deixamos aqui algumas sugestões de Vinhos atlânticos onde pode encontrar salinidade.