Neste artigo vamos explorar todas as características dos vinhos e ver como cada uma delas se aplica e influencia, em termos de sabor e aparência, cada um dos seus diferentes tipos.
Considerando que existem três distintos tipos de vinho – os tranquilos, os espumantes e os fortificados – podemos afirmar que existem certas características básicas que definem o estilo de cada um deles. Essas características são:
A Cor
Ao contrário do que se possa pensar, a cor do vinho não é apenas determinada pelas variedades de uvas utilizadas na sua produção, mas é sobretudo influenciada pela forma como o vinho é produzido. Ou seja, o que dita a cor final do vinho é, na maioria das vezes, a quantidade de tempo que a película da uva fica em contacto com o seu sumo. Por exemplo:
Vinho Branco
Os vinhos brancos podem ser criados a partir do sumo de uvas tanto brancas, como tintas. O que acontece no caso deste tipo de vinho é que a película é removida antes de se iniciar o processo de fermentação.
Vinho Rosé
No caso dos vinhos rosé, falamos de vinhos que são elaborados com sumo de uvas tintas. Sumo esse que esteve em contacto com a sua película por um período de tempo muito reduzido.
Vinho Tinto
Os vinhos tintos são elaborados a partir do sumo de uvas tintas que permaneceram em contacto com a sua película durante todo o processo de fermentação.
A Doçura
Durante o processo de fermentação do vinho as leveduras vão consumindo o açúcar natural que está presente no sumo da uva até que, quando todo o açúcar já tiver sido consumido, morrem. A doçura do vinho é determinada pela quantidade de açúcar que nele permanece após a morte das leveduras.
No entanto, em alguns casos, as leveduras podem morrer antes de conseguirem consumir todo o açúcar. Isto pode ocorrer em dois tipos de situações distintas: quando o teor de álcool atinge de forma natural um grau de cerca de 15% e quando o enólogo adiciona álcool extra à bebida até perfazer esse mesmo grau ou ultrapassando-o, o que acontece bastante, por exemplo, na produção de vinhos fortificados.
São estas as razões que levam à classificação dos vinhos em três distintos níveis de doçura:
Vinhos Secos
A maior parte dos vinhos finos produzidos são secos, embora o seu grau de secura possa variar. No geral, esses vinhos não costumam contar com mais de 4 gramas de açúcar por litro.
No caso dos vinhos espumantes, que têm denominações próprias consoante o seu grau de secura e, consequentemente de doçura, os mais secos são apelidados de Brut ou Dry.
Vinhos semi-secos ou meio-secos
Na produção de vinhos meio-secos é necessária uma intervenção mais atempada do enólogo, na medida em que este tem de retirar as leveduras antes que elas consumam todo o açúcar ou, de forma alternativa, posteriormente adicionar sumo de uva (doce) ao vinho em questão. Estes vinhos, geralmente, possuem entre 4,1 e 25 gramas de açúcar por litro.
Aos espumantes meio-secos é atribuída a denominação de Demi-sec.
Vinhos Doces
Os vinhos doces podem ser elaborados com uvas passa, ou seja, uvas que foram já colhidas após o período ideal de maturação e que, regra geral, apresentam níveis de açúcar muito mais elevados, processo ao qual se chama colheita tardia ou, late harvest. Estes vinhos, por regra, costumam possuir entre 25,1 e 80 gramas de açúcar por litro.
No caso dos vinhos espumantes doces, o termo que lhes é atribuído é Dulce ou Doux.
A Acidez
A acidez está presente na polpa da uva e é a responsável por nos dar a sensação de frescura degustamos um vinho. Esta serve também para equilibrar os níveis altos de açúcar, de álcool e de taninos, o que é essencial e determinante para a forma como o vinho evolui em garrafa. Os vinhos com uma acidez mais sólida e equilibrada envelhecem melhor em garrafa em comparação com vinhos pouco ácidos.
A maioria dos vinhos e espumantes brancos possuem um elevado grau de acidez quando comparados com outros tipos de vinhos, isto porque as uvas brancas retêm melhor a acidez, o que acaba por funcionar como um mecanismo de defesa, pois é uma forma de se adaptarem e protegerem em climas mais frios.
Os Taninos
Os taninos, contrariamente à acidez, são os responsáveis pela sensação de secura na boca com que ficamos após provarmos um vinho com alto teor de taninos. E é por isso que, muitas vezes, estes vinhos são utilizados como “limpa palato” e utilizados para harmonizar pratos gordurosos, uma vez que ajudam a suavizar o sabor dos mesmos.
No entanto, por apresentarem esta particularidade, os vinhos com muitos taninos, que geralmente são tintos, não costumam ser dos mais apreciados e perdem bastante para vinhos com taninos mais equilibrados e macios.
Os taninos são transferidos para o vinho através das sementes, cascas e engaços das uvas, mas também podem ser por ele adquiridos no processo de armazenamento e envelhecimento, através do contacto com a madeira das pipas de carvalho.
O Álcool
O vinho adquire o seu teor de álcool através da conversão do açúcar natural presente no sumo das uvas, conversão essa que é feita pelas leveduras.
Mas, por vezes, o álcool também pode ser adicionado pelo Homem. Isto acontece, sobretudo, quando se pretende criar vinhos fortificados como, por exemplo, o Vinho do Porto.
O álcool é o responsável pelas lágrimas que se formam nas paredes das taças de vinho e, quanto mais alcoólica for a bebida, mais encorpada e quente ela se mostrará no nosso paladar.
O Corpo
O corpo do vinho diz respeito à forma como o sentimos na boca. Como já vimos anteriormente neste artigo, a acidez e a quantidade de açúcar, álcool e taninos são o que confere estrutura a um vinho, mas também ajudam a regular a sua densidade.
Os vinhos podem ser classificados de três distintas formas, consoante o seu corpo:
Vinhos de corpo leve
São vinhos considerados mais fáceis de beber e mais refrescantes, que, regra geral, são usados para acompanhar refeições de pratos mais leves, entradas ou petiscos.
Vinhos de corpo médio
Os vinhos de corpo médio são vinhos mais ricos e concentrados, que podem adquirir o seu médio corpo através do processo de estágio em barril de carvalho.
Vinhos encorpados
Os vinhos encorpados, tal como o próprio nome indica, são vinhos mais robustos ou até mesmo pesados, que costumam ser muito apreciados como acompanhamento para refeições também elas mais pesadas.